Você já ouviu a expressão “povos originários”?
São povos cujos ancestrais foram o primeiro grupo de pessoas a habitar uma determinada região. Normalmente, nós os chamamos de “indígenas”, palavra que tem justamente esse significado: “originário, aquele que está ali antes dos outros”.
Ontem, nós comemoramos o Dia dos Povos Indígenas. E para celebrar, vamos ver 5 fatos sobre esse tema tão relevante para a nossa sociedade.
Índio não. Indígena!
O primeiro ponto que precisamos entender é que não devemos mais usar a palavra "índio".
De acordo com Márcia Mura, Doutora em História Social e integrante da etnia Mura, em entrevista dada ao portal G1, "Índio é um termo genérico, que não considera as especificidades que existem entre os povos indígenas, como as especialidades linguísticas, culturais e mesmo a especificidade de tempo de contato com a sociedade não indígena".
Além disso, a palavra "índio", em função do preconceito dos brancos europeus colonizadores com qualquer povo não-branco, ganhou um tom pejorativo ao longo do tempo. Assim, o termo se tornou sinônimo de atraso e incivilidade.
Hoje, com as discussões e esclarecimentos sobre o tema, sabemos o tanto de equívocos que já produzimos e reproduzimos ao longo do tempo. E, por isso, entendemos a necessidade de mudar.
Então, o termo correto a ser usado é "indígena", livre de caráter difamatório, e correto em seu significado (veja acima).
Nada de cocar e apito
Sempre foi muito comum que, no 19 de abril, as escolas vestissem as crianças com cocar, apito e pintura corporal como uma forma de homenagem ao Dia dos Povos Indígenas.
Acontece que, atualmente, já se entende que isso não tem nada de homenagem.
Sabe por que?
Porque ao fazer isso estamos transformando as etnias indígenas em uma fantasia construída com base em um estereótipo. O que, além de equivocado, pode ser ofensivo, principalmente por esses povos terem uma realidade tão difícil em nosso país.
Genocídio indígena
Estima-se que, quando os portugueses aqui chegaram, encontraram cerca de 3,5 milhões de habitantes originários em nossas terras.
Hoje, em 2023, esse número caiu para 900 mil.
Com um breve cálculo matemático, podemos chegar à conclusão de que houve uma queda de quase 75% dessa população ao longo de 523 anos. E isso se torna ainda mais grave quando pensamos que a tendência populacional é sempre aumentar - de acordo com o IBGE, o Brasil tem atualmente mais de 210 milhões de habitantes.
O que aconteceu em nossa história foi um verdadeiro genocídio indígena. Mais uma razão para olharmos para a presente data com um olhar crítico. Há poucos motivos para celebrar e muitos para lutar quando falamos sobre esses povos.
Indígena de celular?
Outra grande falácia bastante propagada para deslegitimar a luta indígena e destilar preconceitos é a de que esses povos não podem se valer dos benefícios que os avanços tecnológicos trazem para nós.
A ideia aqui é a de que o uso dessas ferramentas, principalmente as digitais, descaracterizaria a essência dessas etnias. No entanto, já temos conhecimento suficiente para saber que isso é uma visão altamente equivocada.
Na verdade, essa ideia parte, mais uma vez, de uma visão estereotipada e discriminatória. Sabe aquela noção que mencionamos acima de que os indígenas são atrasados e incivilizados? Então, é ela que fundamenta esse tipo de “argumento”.
Ser indígena é pertencer a um povo indígena, compartilhando sua história, origem, identidade, cultura e ancestralidade. E isso em nada tem a ver com usufruir ou não dos avanços tecnológicos.
Indígenas pelo mundo
O Dia dos Povos Indígenas foi criado em 1943, durante o Estado Novo, pelo então presidente Getúlio Vargas. Sua criação teve como norte a necessidade de olharmos para a diversidade cultural de nosso país e também para falarmos sobre a necessidade de políticas efetivas de proteção a esses povos.
Por isso, essa é uma data voltada aos povos indígenas do Brasil.
Mas você sabia que há etnias indígenas em todo o mundo?
De acordo com a ONU, hoje, existem entre 350 e 500 milhões de integrantes dos povos originários em cerca de 90 países.
Conhecer suas histórias é conhecer a história da humanidade, ou seja, a nossa história!
Falar sobre os povos indígenas é essencial para construir visibilidade, respeito e dignidade para esses indivíduos.
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