Um dia, duas histórias.
A primeira
28 de abril de 1968.
Poderia ser um dia como outro qualquer, mas ficou marcado como aquele em que ocorreu o maior acidente de trabalho de que se tinha relato na história até então.
Em West Virginia, nos Estados Unidos, quase 100 trabalhadores cumpriam suas jornadas em uma mina de carvão.
O carvão mineral é um combustível fóssil cuja extração é feita em galerias subterrâneas. Durante os séculos XVIII e XIX, era a principal fonte de energia das fábricas que compunham a indústria europeia.
Naquele sábado, porém, as coisas não aconteceram como se planejava. Uma grande explosão e seu consequente incêndio na superfície da galeria mantiveram os trabalhadores presos.
Apenas 19 deles foram resgatados. Os outros 78, faleceram.
Uma realidade a ser transformada
A tragédia de 28 de abril, além de chocar a sociedade, trouxe luz para a necessidade de garantir um espaço de trabalho seguro e saudável para todos os trabalhadores.
Vamos entender o que isso significa?
Para nós, que vivemos em 2023, em pleno século XXI, pode parecer óbvia a ideia de que os profissionais precisam de condições mínimas de segurança para garantir a integridade física e psicológica. Porém, não era assim que o mundo pensava há cerca de 100 anos atrás.
Aliás, é importante lembrar que, ainda hoje, existem muitos trabalhadores no mundo que não têm seus direitos assegurados e exercem suas atividades laborais em condições inapropriadas e mesmo perigosas. A diferença é que, o que agora é um descumprimento da lei, antes, era regra…
Por isso, situações como a de West Virginia aconteceram. E foram muitas cobranças e debates para que essa situação mudasse.
Aqui em nosso país, por exemplo, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) é de 1º de maio de 1943. A data não foi escolhida à toa, já que é quando comemoramos o Dia do trabalhador. Mas esse texto não permaneceu inalterado ao longo do tempo. Ele foi sofrendo modificações e se adaptando de acordo com novas reflexões acerca do tema.
Saúde física e psicológica
Quando a gente fala de segurança no trabalho, é natural que venham à nossa mente imagens de pessoas se acidentando ou sofrendo danos físicos. Mas é importante lembrar que, atualmente, quando pensamos em saúde laboral, estamos também nos referindo às questões psicológicas.
De acordo com o Ministério da Saúde, o adoecimento ocupacional é “qualquer alteração biológica ou funcional (física ou mental) que ocorre no organismo em decorrência do exercício do trabalho”
Assédio moral, abuso psicológico, humilhações e ambiente de constante estresse e cobrança são alguns dos exemplos cotidianos que levam os trabalhadores a desenvolverem doenças como depressão, ansiedade e burnout.
Queremos mais
Os especialistas dizem que falar sobre a preservação da saúde física e mental no ambiente de trabalho já está, de certa forma, ultrapassado. Isso porque hoje, as empresas, entendem que é necessário investir no bem-estar do colaborador.
Para além de um olhar humanitário, há questões práticas por trás dessa ideia: profissionais adoecidos não oferecem o seu melhor rendimento e podem inclusive precisar de afastamento.
Então, muitas organizações já se empenham para que suas equipes se sintam verdadeiramente felizes e entregues ao propósito da empresa, garantindo um espaço de trabalho saudável e livre de adoecimento ocupacional.
Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho
Como você pode perceber, este é um assunto complexo e bastante profundo. Por mais que estejamos caminhando para um ponto cada vez mais satisfatório, é necessário falar e debater muito sobre este tema para que ele nunca saia da nossa visão.
Assim, em 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu o Dia Mundial da Segurança e Saúde do Trabalho. A data tem o objetivo de intensificar as discussões sobre o tema, mas também de lembrar as vítimas de doenças e acidentes laborais. Justamente por isso a escolha do 28 de abril, em memória aos mineiros de West Virginia.
A segunda
9 de outubro de 2012
Malala Yousafzai voltava da escola quando o ônibus em que estava foi parado por dois terroristas que tinham uma única missão: matá-la!
Nascida no Paquistão, a menina teve uma realidade diferente da de suas conterrâneas. Filha de um educador, ela sempre foi incentivada pela família a estudar, o que não era comum em sua cultura.
Seu pai gerenciava uma escola e foi lá que Malala iniciou seus estudos. Sempre foi uma aluna dedicada e que amava ler.
Tudo ia bem até que, por volta de 2007, o Talibã, grupo fundamentalista e terrorista, tomou a região do Vale do Swat, onde Malala e sua família moravam.
Por serem pessoas críticas e com hábitos considerados extremamente modernos (o oposto da visão radical do grupo), passaram a ser alvo do Talibã. O resultado disso, já conhecemos: um atentado contra a vida de Malala.
Dos três tiros desferidos contra ela, um atingiu a sua cabeça. Malala foi levada à Inglaterra para concluir o seu tratamento de saúde e para garantir a sua segurança e a de sua família.
O direito à educação
Ao final da 2ª Guerra Mundial, o mundo se viu em um cenário de completa destruição e degradação humana.
Era necessário rever os princípios e ideologias para reconstruir os países atingidos e garantir a integridade das sociedades daquele momento em diante. Assim, em 1948, a Organização das Nações Unidas promulgou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Dentre os muitos itens salvaguardados por ela, está, em seu artigo 26, o direito à instrução. E ela é colocada nos seguintes termos:
"A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz."
Por que a educação é importante?
O acesso à educação é um dos itens que garantem a dignidade humana. É ela que possibilita o indivíduo a expandir seus horizontes e transformar a sua realidade.
Por isso, Malala, ao lutar pelo seu direito e pelo direito de outras meninas do seu país de ter acesso à escola, se tornou um símbolo dessa luta.
O impacto do saber na vida das pessoas é tão importante que a ONU colocou este como um dos itens que compõem os ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Dia Mundial da Educação
Em 28 de abril de 2000, líderes de 164 países assinaram um compromisso de garantir o desenvolvimento da educação no mundo.
Isso aconteceu doze anos antes do atentado que quase tirou a vida de Malala Yousafzai. Ainda assim, ela é um símbolo dessa luta - hoje, já adulta e formada pela Universidade de Oxford, ela segue uma ativista da causa. E mais: a sua história ilustra com clareza a realidade de crianças e jovens de diversas partes do mundo que são privados do seu direito básico de ter acesso ao ensino.
Por isso, o 28 de abril é uma data de extrema importância para olharmos o quanto já andamos e o quanto ainda temos que percorrer para garantir aquilo que a ONU estabeleceu como necessário para a construção de um mundo mais justo e igualitário: educação para TODOS!
A Refuturiza
Nós brincamos que hoje não é o Dia da Refuturiza, mas poderia ser, já que emprego e educação são as diretrizes que regem o nosso trabalho.
A gente não cansa de dizer que, somente com esses dois pilares, é possível promover a transformação social que tanto queremos e precisamos em nosso país.
Isso é Refuturizar!
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