Imagine comigo essa cena:
Você está voltando pra casa, depois de um dia cansativo, e no meio do caminho, sua bexiga manda um aviso: “preciso rapidamente ser esvaziada”!
Ainda falta um tanto pra chegar e o aperto só aumenta. Para piorar, vários trechos do caminho estão congestionados. Haja concentração e autocontrole para não acontecer um “desastre”.
Quando você finalmente chega em casa e avista o seu banheiro, vem aquela sensação de alívio. Pronto, problema resolvido.
Essa historinha que a gente contou aqui foi inventada, mas poderia ter acontecido (e, provavelmente, já aconteceu) com qualquer um de nós. O que talvez não fique claro para a gente é o que acontece depois, quando damos a descarga do nosso vaso sanitário.
Afinal, você sabe para onde vai o seu xixi?
O início
Para a gente entender tintin por tintin esse assunto, vamos voltar um pouco no tempo.
Houve uma época da história da humanidade em que o homem vivia em contato direto com a natureza. Ela era seu alimento, seu abrigo e, também, muitas vezes, o seu tormento. E assim como outros animais, era na terra, que os indivíduos faziam as suas necessidades fisiológicas, que eram absorvidas e aproveitadas pela natureza.
Com o processo de urbanização, essa possibilidade deixou de existir e as pessoas depositavam seus dejetos na rua, ao ar livre. Sem a possibilidade de ser absorvida e reaproveitada pela natureza, essa matéria orgânica virava meio de cultura de bactérias - um grande risco de contaminação e proliferação de doenças. A urbanização trouxe consigo, também, um aumento da densidade demográfica, o que só agravava o problema.
O saneamento
A essa altura, você já deve ter entendido um pouco o que é saneamento, certo?
Saneamento é uma palavra que tem origem no latim. Vem de sanus, em português “são”, que significa “saudável, de boa saúde”.
Assim, quando pensamos em nível social e urbanístico, entendemos que saneamento são medidas praticadas pelo governo ou liderança de um determinado local para garantir as condições adequadas de vida e, consequentemente, de saúde para a população.
Nós falamos acima sobre o destino correto dos dejetos humanos e isso é, certamente, do campo do saneamento. Mas sua abrangência é ainda maior. Além do tratamento correto do esgoto, também diz respeito a ele o tratamento da água para consumo da população. Para não restar dúvidas, vamos ver a definição do Plano Nacional de Saneamento Básico:
“(...) é o conjunto de serviços e infraestrutura de abastecimento de água, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, esgotamento sanitário e drenagem de águas pluviais urbanas”
Como você pode ver, o saneamento básico é algo essencial à vida humana.
A história
Apesar de fundamental para a vida humana, as obras de saneamento são relativamente recentes. Enquanto o primeiro encanamento para a distribuição de água já existia desde o século XV, na França, a primeira Estação de Tratamento de Água foi construída apenas no século XIX, em Londres. Já o primeiro teste para tratamento do esgoto só foi realizado cerca de 50 anos depois, também na Inglaterra.
E no Brasil?
Bom, por aqui, as coisas caminharam de forma um pouco mais lenta e os serviços básicos de saneamento começaram a ser comercializados na década de 1940.
A realidade brasileira
Em 2007, o diretor Jorge Furtado (autor também de “Ilha das Flores", curta-metragem que aborda o tema do descarte do lixo) lançou “Saneamento básico, o Filme”. Com um elenco repleto de grandes atores, o filme conta a história de alguns moradores de uma pequena vila (fictícia) da Serra Gaúcha que se reúnem para buscar meios de levantar recursos para a construção de uma fossa para tratamento de esgoto.
O enredo, coloca foco em um dos maiores problemas do Brasil na atualidade, já que hoje apenas 53% da população têm acesso a redes de coleta de esgoto, por exemplo.
Por conta dessa deficiência, foi aprovado em 2000 e atualizado em 2020 o Marco legal do Saneamento, que prevê o aprimoramento das condições de saneamento básico em nosso país - um direito garantido por lei com a Constituição de 1988.
As consequências da falta de saneamento
O déficit no saneamento básico impacta, diretamente, a saúde. As principais doenças consequentes desse problema são:
Além de atingir de forma dura a população, a falta de saneamento também é altamente prejudicial à natureza e causa um grande impacto aos cofres públicos.
Estudos apontam que o acesso ao saneamento devolve a dignidade às pessoas e também:
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