Dia 20 de novembro é dia de celebrar a Consciência Negra, data tão importante que poderá se tornar feriado nacional - atualmente, é apenas em algumas cidades do país, como Rio de Janeiro, São Paulo e João Pessoa.
Mas a importância da data, muitas vezes, não corresponde à compreensão das pessoas sobre ela.
E você, conhece bem os fatos por trás desse dia?
O dia 20 de novembro foi instituído como Dia da Consciência Negra através da lei federal nº 12.519 de 2011. A data foi escolhida por ter sido a de falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares em 1695.
E quem foi Zumbi?
Nascido no estado de Pernambuco, Zumbi foi um líder negro que lutou e resistiu contra a escravidão em nosso país. Lutou também pela liberdade religiosa e pela prática da cultura Africana no Brasil.
Ficou conhecido como Zumbi dos Palmares por ter sido um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares.
Quilombos eram, no passado, comunidades nas quais os negros que fugiam das fazendas se refugiavam e resistiam à escravidão.
Hoje, ainda existem as chamadas comunidades ou territórios quilombolas. Esses territórios remanescentes se mantiveram como espaços de resistência ao racismo e às consequências desse longo período escravidão e são formados por pessoas que possuem uma relação de ancestralidade com esses quilombolas.
Quem foi Dandara dos Palmares?
Mulher negra, sua vida é repleta de especulações. Nem, ao menos, seu rosto é conhecido. Foi uma guerreira contra a escravidão ao lado de seu companheiro, Zumbi dos Palmares, além de dominadora das técnicas de capoeira, foi protagonista de diversas estratégias de resistência.
Teve um papel importantíssimo no rompimento do legado de Ganga Zumba, que buscava uma relação "amigável" com os portugueses e holandeses que sustentavam o sistema escravista colonial no Brasil naquele momento. Junto a Zumbi, assumiu uma postura firme frente ao governo de Pernambuco contra a escravidão dos seus.
Dandara foi aclamada oficialmente como Heroína da Pátria, através da Lei 13.816 de 24 de abril de 2019.
Você pode se perguntar por que ainda é necessário resistir se o regime escravocrata foi extinto no Brasil há mais de 100 anos.
A grande questão é que a escravidão deixou marcas muito grandes e profundas em nossa sociedade. Permitia-se, legal e moralmente, que os negros fossem escravizados por que havia uma crença de que os brancos eram superiores. Negros eram vistos e tratados como bichos, como não-humanos, o que justificava as atrocidades que eram praticadas contra eles.
O regime de crenças que justificava e aceitava o racismo não deixou de existir pela assinatura da lei.
O produto da escravidão permanece vivo. Em dados revelados pela revista Piauí, em 2019, temos informações como:
Negros compõem 60% da população carcerária do Brasil;
Negros são a maior parte da força de trabalho no Brasil (54,9%), mas correspondem a dois terços da população desempregada (64,2%);
Apenas 4,9% das cadeiras administrativas das 500 empresas de maior faturamento no Brasil são ocupadas por pessoas negras.
Esses dados são apenas representações de uma realidade que se mostra ainda mais dura.
Ser consciente é não se mostrar indiferente às questões políticas e sociais que nos circundam; é não ser omisso frente aos problemas.
O Dia da Consciência Negra é uma data reservada para que, a cada ano, nós possamos refletir e assumir a responsabilidade pela mudança, propondo ações efetivas para transformar essa (ainda) triste realidade.
O movimento negro começou ainda durante o período da escravidão, como forma de resistência e luta pela liberdade do povo negro. Assim, uma de suas maiores conquistas foi justamente a abolição da escravatura.
Com o passar dos anos, o movimento se organizou e ganhou mais e mais força.
Entre suas conquistas mais recentes estão as Leis de Cotas (Lei 12.711/12 e a Lei 12.990/14) e a Lei 7.716/89, popularmente conhecida como Lei Caó (uma homenagem ao militante Carlos Alberto de Oliveira), que torna a discriminação racial crime passível de detenção.
Nós da PreparaTODOS nos colocamos do lado certo da história: ao lado daqueles que lutam contra toda forma de violência racial. Sabemos que ainda há muito o que conquistar, mas celebramos a caminhada e nos comprometemos com a construção de um país melhor para TODOS.