"Ai, tô doida pro fim de semana chegar"
"Nossa, não vejo a hora de comemorar o meu aniversário"
"Minha prova da autoescola é amanhã. Tô com aquela sensação de 'borboletas no estômago "
Você sabe o que todas essas frases têm em comum? A ansiedade!
Quando sentimos um desconforto físico e emocional em função da expectativa que temos em relação a algo, dizemos que estamos ansiosos.
E por mais que essa não seja uma sensação agradável, ela foi e é (pasme) fundamental para a nossa sobrevivência. Isso porque a ansiedade é um mecanismo de defesa ativado pela presença de um gatilho estressor.
Imagine que, nas cavernas, o Homem não tinha uma estrutura de segurança de grande porte. Se, porventura, um animal predador aparecesse, era esse mecanismo de alerta que o dava condições de buscar a sua sobrevivência.
Acontece que, tal como um elástico, essa sensação foi sendo esticada e tensionada em função de múltiplos fatores que envolvem hoje a nossa vida. Para além de uma emoção natural, a ansiedade agora é também o nome que damos a um transtorno relativo à saúde mental que atinge cerca de 10% da população brasileira, nos colocando na primeira posição mundial do ranking.
Mas o que é exatamente isso?
O transtorno de ansiedade
Como nós dissemos, a ansiedade é um mecanismo natural do nosso organismo para nos ajudar a sair de situações de perigo. Mas e se, de repente, tudo ao redor começar a parecer ameaçador?
“Meu chefe chegou no escritório e nem falou direito comigo. Será que ele está aborrecido com alguma coisa? Será que foi alguma coisa que eu fiz? Será que eu esqueci de enviar algum documento importante? Ou será que foi alguma coisa que eu falei? Ai, meu Deus, eu não posso ser demitida… Se eu for demitida, como vou pagar a prestação da casa? Vou ter que pedir dinheiro emprestado. Mas sem trabalho, como eu vou pagar ao banco? Vou acabar com o nome sujo….”
Você se identificou de alguma forma com o texto acima?
Ele é uma reprodução daquilo que costuma acontecer na mente de uma pessoa ansiosa. Um simples acontecimento se transforma em uma cascata de pensamentos ruins, na construção dos piores cenários possíveis e na elaboração de uma realidade paralela - que não existe de fato.
O que a gente percebe é que há uma desproporção entre o evento estressor e a sua percepção dele.
O chefe pode ter tido uma noite ruim, estar com dor, ter se aborrecido no trânsito…Ou poderia estar apenas distraído e por isso não respondeu ao “bom dia”. No entanto, como a mente da pessoa ansiosa está pré-disposta a interpretar (quase) todos os eventos à sua volta como uma ameaça, a sua leitura do fato e da realidade se torna distorcida.
O terreno fértil
A realidade do mundo hoje em dia é um fator importante para entendermos o aumento do número de pessoas com esse transtorno.
Vivemos em um ritmo extremamente acelerado e as redes sociais nos impõem metas inatingíveis de beleza e sucesso. Temos a sensação de estar sempre em débito com a vida. Além disso, o custo de vida cresce junto com as taxas de violência nos grandes centros urbanos. Sim, viver não está fácil para ninguém… E por isso, o cuidado com a saúde mental deve ser uma preocupação de todos.
Mas por que, então, algumas pessoas desenvolvem o transtorno de ansiedade e outras não?
De acordo com a psiquiatra Sandra Peu, por que algumas pessoas têm um “solo fértil” para que ele cresça, ou seja, uma série de condições biológicas e químicas (possivelmente genéticas) que fazem com que a ansiedade consiga se instalar.
E essa informação deve ser encarada como um fator positivo, uma vez que facilita o rastreio. Da mesma forma que um filho de pessoas diabéticas precisa fazer exames regulares para verificar suas taxas, alguém que sabe ter um histórico familiar de transtornos mentais deve estar atento aos primeiros sinais da doença.
A boa notícia
Antes de tudo, precisamos deixar claro que, se você se identifica com este quadro que estamos apresentando, é muito importante que busque o apoio de um médico.
Para além do desconforto, a ansiedade afeta o funcionamento normal do nosso organismo e pode nos levar ao desenvolvimento de patologias como hipertensão e gastrite.
E em paralelo a isso, é fundamental realizar práticas terapêuticas que ajudem a produzir uma nova leitura dos acontecimentos da vida. É certo que ao longo da nossa história, teremos inúmeros momentos de tristeza, mas podemos desenvolver uma maneira mais saudável de encará-los. Exercício físico e práticas artísticas são alguns dos exemplos de atividades que ajudam no tratamento.
A ansiedade é um transtorno mental e a boa notícia é que existe tratamento para reduzir os seus impactos e ter uma vida mais feliz e saudável.
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