A crise da água: impactos da escassez da água em 2022

Era 1981 quando um cantor brasileiro alcançou muito sucesso cantando uma música que dizia em seu refrão:

“Terra! Planeta água”

O verso traz uma grande verdade. Nosso planeta tem água em 70% de sua superfície.

Com tanta abundância, pareceria impossível dizer que a escassez hídrica é uma das principais preocupações do século XXI, mas é a mais pura verdade.

A crise hídrica

Vamos começar explicando que, quando falamos de crise hídrica e escassez de água, estamos nos referindo à falta de recursos para atender à demanda existente.

Vamos entender isso melhor.

Dizer que existe falta de água para atender plenamente as necessidades da população mundial não significa que a quantidade do líquido existente no mundo tenha diminuído. Desde o surgimento da Terra, há cerca de 4,56 bilhões de anos, encontramos em nosso planeta os mesmos 70% de água em sua superfície. No entanto, é preciso que a gente se atente para alguns pontos:

•   98% do total de água do planeta é salgado; 
• dos 2% de água doce que restam, apenas 0,44% está disponível para uso, já que o restante fica retido sob a forma de gelo nas calotas polares

Além disso, a distribuição da água acontece de forma desigual. Enquanto alguns países possuem uma boa malha hídrica, outros têm um acesso extremamente difícil.

Dados sobre a crise hídrica

De acordo com a ONU - Organização das Nações Unidas: 

• 2,2 bilhões de pessoas (ou seja, pouco menos de 25% da população mundial) não têm, hoje, acesso pleno à água. 
• 26 países sofrem escassez hídrica crônica, grande parte deles situado no Oriente Médio: Catar, Israel, Líbano, Irã e Jordânia.
• Estima-se que até 2050, a crise atingirá cerca de 52 países e 3,5 bilhões de pessoas

Causas da escassez hídrica

Como dissemos anteriormente, um dos primeiros fatores que coloca um país em condição de vulnerabilidade hídrica é a questão geográfica. Mas ele não é único.

• Aumento (constante) do consumo:

Estima-se que ao longo do século XXI, o consumo de água tenha aumentado em cerca de 6 vezes. Isto é, o dobro do crescimento populacional no mesmo período.

• Má distribuição

Nem sempre os locais com maior concentração de água correspondem às localidades com maior densidade populacional. Um exemplo é a Bacia Hidrográfica da Amazônia, que comporta 74% da água de nosso país, mas abriga apenas 5% da população.

• Poluição e devastação ambiental

Há alguns anos, o Rio Tietê, na cidade de São Paulo, se tornou sinônimo de sujeira. Hoje, uma pessoa que, por alguma razão, venha a dar um mergulho naquelas águas sem nenhum tipo de proteção, corre o risco de ficar gravemente doente. 

Mas nem sempre foi assim. Tal como esse exemplo do Tietê, existem inúmeras outras fontes de água doce que se perderam pela poluição causada pelo homem, quase sempre causada pela deposição inapropriada de esgoto.

Além disso, a erosão do solo também é bastante prejudicial, porque afeta as reservas subterrâneas.

• Deficiências na infraestrutura básica

Se por um lado, há a desigualdade de acesso, também há uma desigualdade de mecanismos de captação, armazenamento e distribuição.

Isso acontece, principalmente, em países pobres, mas um mesmo Estado pode ter contrastes profundos em suas localidades - como é o caso do Brasil, em que algumas regiões são muito ricas e outras apresentam carências profundas.

A água invisível das coisas

E o problema hídrico é ainda mais complexo.

Você sabe o que é “a água invisível das coisas”? Trata-se da quantidade de água utilizada na produção de um produto. E ela é chamada de “invisível”, justamente porque não está aparente. Uma simples calça jeans, por exemplo, consome cerca de 11 mil litros de água para ser feita.

Com os alimentos não é diferente:

• 1 kg de pão equivale a quase 2 mil litros de água
• 1 copo de 250 ml de cerveja gasta 75 litros de água
• 1 kg de arroz colhido consome 1,7 mil litros de água
• 1 kg de laranja demanda 530 litros de água

E o recorde de consumo hídrico fica a cargo da carne animal: para produzir 1 kg de carne, em média, são usados 15,4 mil litros de água.

A água está em tudo, mesmo que a gente não veja.

Como solucionar este problema?

A primeira, e mais básica, atitude para retardar (e, no melhor dos casos, resolver) o problema da escassez hídrica é economizar e evitar o desperdício. Mas não basta haver água, é preciso também ter acesso a ela. Por isso, é necessário investir (e cobrar os governantes para que este investimento seja feito) em obras de saneamento para tratar, armazenar e distribuir este recurso.

Além disso, é muito importante que a gente mude o nosso mindset e crie estratégias de irrigação que evitem o desperdício. 

Afinal, sem água, não há vida. 
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