Cultura do cancelamento no ambiente virtual

Refuturiza - 08 Junho, 2022

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Cultura do cancelamento no ambiente virtual

O cancelamento é um dos grandes fantasmas do século XXI. E um tema tão importante assim é de grande relevância para quem vai encarar o ENEM esse ano.

O cancelamento é um dos grandes fantasmas do século XXI. E um tema tão importante assim é de grande relevância para quem vai encarar o ENEM esse ano.

Há 20 anos, estreava na tevê aberta brasileira um dos primeiros - e até hoje um dos maiores em audiência - reality shows do país, o BBB. 

De lá para cá, não foram poucas as polêmicas que rechearam o programa, mas nada se compara ao que assistimos, “ao vivo e a cores”, em 2021.

No segundo ano de formato híbrido (anônimos + famosos), o Brasil viu, julgou e condenou os atos da cantora Karol Conká em sua passagem pela atração. A execração pública da artista dividiu opiniões, mas sobre um ponto não restavam dúvidas: tratava-se de um explícito caso de cancelamento.

Mas o que é cancelar?

Trata-se da “exclusão” de uma pessoa do espaço de convívio social, primeiramente nas redes, mas afetando também a sua vida “offline”.

No caso de Carol, que citamos acima, o seu cancelamento começou com a perda de seguidores nas redes sociais. Em seguida, os ataques, xingamentos e ameaças - tanto a ela quanto a seus familiares. Depois que saiu do programa, ela revelou que fez a viagem do Rio de Janeiro (cidade em que acontece o programa) para São Paulo (cidade em que mora) de carro, por medo de ser agredida na rua.

Agora, se você não lembra ou não acompanhou o programa na época, pode estar se perguntando o que motivou tamanha revolta.

Bom, é claro que esse cancelamento não aconteceu “do nada”. 

Já nos primeiros dias de confinamento, Karol cometeu deslizes e apresentou comportamentos considerados inadmissíveis por parte do público: foi preconceituosa, fez comentários xenofóbicos, praticou violência verbal e, o mais grave, realizou o que foi considerado tortura psicológica com um dos participantes (que acabou pedindo para deixar o programa).

Ao mesmo tempo em que é claro que Karol (e tantos outros cancelados) errou, o que entra em pauta nas mais diversas discussões é a validade e intensidade do cancelamento.

Afinal, cancelar pessoas traz resultados positivos?

Cancelar ou não cancelar?

Bom, em primeiro lugar, precisamos lembrar que as figuras canceladas, em geral, são pessoas públicas - ou, como costumam dizer, personalidades da mídia. E como profissionais que vivem da exposição, eles acabam influenciando milhares e milhares de pessoas. 

Dessa forma, parece claro que elas precisam ter cuidado com aquilo que falam ou fazem. E mais: precisam sim ser responsabilizadas pelos seus deslizes

A grande questão é que o tal “cancelamento” não é apenas uma forma de conscientizar, coibir e/ou penalizar o erro. Em geral, ela se transforma em uma enxurrada violenta de palavras de ódio e ameaças.

O professor Leandro Karnal diz que “O ódio é uma zona de conforto”. As pessoas tendem a se unir para falar mal mais do que para falar bem. E quando isso acontece nas redes, ganha um alcance ainda maior. 

Um único comentário pode, em poucos minutos, se transformar em milhares, formando uma grande onda de ódio.

E aí chegamos a questão: destruir a vida da pessoa que errou resolve o problema? Ou, ainda, traz um saldo positivo para a questão (como a conscientização das pessoas para o problema)?

Na maior parte das vezes, não…

Seletividade

Vale ressaltar que criticar e cancelar não são a mesma coisa. Como dissemos no ponto anterior, é extremamente válido criticar falas e comportamentos, trazendo à luz o problema por trás deles.

Mas o cancelamento, porém, é uma espécie de “linchamento público virtual”. É como pagar violência com violência - ou, usando uma imagem mais clara, faz o mesmo efeito que tentar limpar a casa passando nela mais sujeira.

Outro ponto importante a ser analisado é a seletividade na hora de cancelar. Na mesma edição em que Karol Conká esteve, um outro participante também foi alvo de críticas por falas racistas. Mas ao contrário da cantora, Rodolffo não sofreu nenhum cancelamento.

Diante disso, é difícil não fazer uma análise que leve em consideração certos recortes, como o racial e o de gênero. 

Ainda é muito mais fácil para a nossa sociedade atacar uma mulher negra do que um homem branco (ressaltando aqui que NINGUÉM deve ser atacado ou agredido, seja física ou verbalmente, seja presencial ou virtualmente).

Isso nos faz pensar que, não apenas o cancelamento não gera frutos positivos no sentido da conscientização, como ele ainda parece reforçar certos padrões. 

O cancelamento não é uma prática nova… Desde os primórdios da humanidade, as pessoas se reúnem para falar mal de outras. E muitas vezes, isso acarreta consequências desastrosas, como as que vemos com maior clareza nos dias de hoje.

Esse é um tema de grande importância e relevância. Se você vai fazer o ENEM esse ano, vale ficar por dentro desse assunto.

Vem com a gente Refuturizar o ENEM!

Tópicos: ENEM, Cultura, cancelamento, Redação


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