Dia da consciência negra - Celebre o povo preto!

No próximo dia 20, os olhos do mundo inteiro estarão voltados para as telas dos televisores e smartphones para acompanhar o início de um dos maiores eventos globais do esporte: a Copa do Mundo.

Logo após a abertura, dois países não-brancos - Catar, sede do evento, fica na chamada Ásia Ocidental, enquanto seu oponente sul-americano, o Equador, tem praticamente 9o% de sua população formada por ameríndios ou pessoas miscigenadas - se enfrentarão na primeira partida oficial. Do lado de cá, no Brasil, assistiremos ao espetáculo e, talvez, anestesiados pela euforia do momento, esqueçamos do Dia da Consciência Negra, ainda que sejamos (em nossa maioria) pretos e pardos. 

Esse texto, de forma alguma, é uma crítica à alegria da Copa, mas um lembrete para uma das datas mais importantes do nosso calendário.

Quem eu vejo na tela da tevê?

E por que falamos que, logo no primeiro jogo, o campo estará ocupado por jogadores não-brancos? Porque em um mundo altamente racista (sim, o problema não se restringe ao Brasil e não devemos diminuir o olhar para o problema apenas para o nosso território), é importante destacar que a maioria das seleções de futebol do mundo é defendida por pessoas não-brancas - mesmo as seleções de países europeus.

Um jogador, quando convocado para um evento deste porte, sente que atingiu o auge da sua carreira. Ele está onde todos os outros jogadores de futebol um dia desejaram estar. E é exatamente por isso que ele servirá de inspiração para aqueles que, ainda crianças, do outro lado da tela, sonharem também em, um dia, estar naquele lugar.

Inspiração. 

Essa é uma palavra que para nós, seres humanos, tem muita importância. Isso porque nós construímos a nossa personalidade a partir da observação daqueles que estão à nossa volta. 

É vendo um adulto andar que o bebê descobre que também pode caminhar sobre dois apoios. Foi depois do primeiro voo de Santos Dumont que outras pessoas entenderam que também poderiam voar. É observando até onde vão aqueles que estão à sua volta que você percebe os seus próprios limites.

Por isso, um dos principais tópicos abordados pelo movimento negro é a importância da representatividade.

Quando uma criança negra vê jogadores de futebol negros bem-sucedidos e jogando nos principais times e seleções do mundo, ela sente que também pode alcançar esse lugar.

Quando pessoas como Maju Coutinho, Carlinhos Brown, Taís Araújo, Lázaro Ramos, Glória Maria, Aline Midlej, Heraldo Pereira, Manoel Soares e tantos aparecem do lado de lá da tela, aqueles que estão do lado de cá se sentem representados e encorajados a perseguirem seus sonhos.

Mas é preciso ir além. Para a construção de uma sociedade sem desigualdade, é preciso que TODAS as pessoas possam ocupar TODOS os espaços.

Olhe à sua volta

Segundo o IBGE, mais de 50% da população brasileira se declara preta ou parda. 

Agora pare e pense:

• Quantos médicos pretos você conhece?
• Quantos advogados pretos você conhece?
• Quantos professores pretos você conhece?
• Quantos engenheiros pretos você conhece?

As perguntas são infinitas… Se a população preta e parda é maioria, por que não ocupa igualitariamente todos os lugares?

Celebrar o povo preto

A filósofa Djamila Ribeiro nos diz que não basta não sermos racistas; precisamos ser antirracistas!

Adotar uma postura de combate ao racismo e à desigualdade racial em nosso país é, entre tantas coisas, mudar o paradigma e defender que o lugar da pessoa preta é onde ela quiser. Então, siga influenciadores pretos, leia escritores pretos, procure médicos pretos, enfim, celebre o povo preto!

Porque Refuturizar é construir um amanhã melhor para todos!