O que pode reduzir a desigualdade racial no Brasil?

Refuturiza - 07 Julho, 2022

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O que pode reduzir a desigualdade racial no Brasil?

Muito se fala sobre a desigualdade social no Brasil, mas o que pouco se aborda é o recorte racial que existe na estrutura desse problema.

Muito se fala sobre a desigualdade social no Brasil, mas o que pouco se aborda é o recorte racial que existe na estrutura desse problema.

Toda sociedade é dividida em camadas. Não existe hoje, no mundo, uma sociedade que seja 100% igualitária.

No Brasil, tal como em outros países, nomeamos cada uma dessas camadas sociais como “classes”. Cada uma delas, possui uma realidade econômica e, consequentemente, social diferente.

Mas se é normal que a sociedade se divida em camadas, por que então falamos tanto sobre o problema da desigualdade social no Brasil?

Um abismo entre as classes

Existem muitas formas possíveis de classificar cada uma dessas camadas que compõem a sociedade brasileira, mas a mais usual é a que nos divide em 5 grupos - de A a E - com base na realidade econômica de cada um.

Classe A - pessoas com renda acima de 20 salários mínimos

Classe B - pessoas com renda entre 10 e 20 salários mínimos

Classe C - pessoas com renda entre 4 e 10 salários mínimos

Classe D - pessoas com renda entre 2 e 4 salários mínimos

Classe E - pessoas com renda até 2 salários mínimos

Agora, vamos observar a diferença de realidade econômica que existe entre as camadas extremas. Uma pessoa da classe A possui uma renda (no mínimo) 10 vezes maior que a da classe E.

Vamos ver outros dados sobre a desigualdade, divulgados pela BBC Brasil no ano passado:

  • Os 10% mais ricos do Brasil ganham quase 59% da renda nacional
  • Os 50% mais pobres ganham 29 vezes menos do que os 10% mais ricos
  • A metade mais pobre no Brasil possui menos de 1% da riqueza do país
  • O 1% mais rico possui quase a metade da fortuna patrimonial brasileira

Como podemos ver, a desigualdade social não trata de meras diferenças, mas de um abismo que separa a realidade do mais pobre e do mais rico em nosso país.

E para entender o que isso de fato significa, é necessário analisar outros dois fatores: o poder de compra e o acesso a bens e serviços.

Não se trata de analisar os valores - seja a renda da classe A, seja a renda da classe E - de maneira absoluta. O que vai indicar se um salário mínimo é muito ou pouco para viver é identificar o que se pode acessar de bens e serviços essenciais com esse valor. 

Como sabemos, no Brasil, a baixa renda traz consigo a fome, a falta de moradia e a dificuldade de acesso à saúde e à educação…

A pobreza tem cor

E aí então chegamos ao  tema central de nosso texto de hoje. 

Mas afinal, o que a cor da pele tem a ver com a pobreza em nosso país?

Para entender isso melhor, vamos fazer uma viagem no tempo e voltar para o período colonial, quando a nossa economia era baseada no modo de produção escravista. 

Enquanto nossa economia era baseada na escravidão, a escravidão em si era calcada no racismo. E ao contrário do que muitos imaginam, o racismo não é “apenas” um tipo de preconceito. Ele é uma ideologia sobre a qual se baseia toda a construção de uma estrutura social.

Não é sobre xingar ou ofender pessoas negras. É sobre acreditar que elas são inferiores e indignas.

De acordo com Pérsio Santos de Oliveira, racismo é:
conjunto de atitudes, ou doutrina, que afirma a superioridade de uma etnia sobre outras e está baseado, na maioria das vezes, em conceitos pretensamente científicos e enganosos. Tais conceitos contradizem estudos realizados pela Antropologia moderna e os ensinamentos da História, que mostram a inexistência de “raças”.

Assim, a escravidão foi feita com base na crença de que os brancos eram superiores e de que, por estarem nessa posição, poderiam subjugar, escravizar, torturar e mesmo matar os povos negros (àquela época) de origem africana.

Essa crença estava (e ainda está) enraizada na cultura brasileira. E apesar da lei respaldá-la, sua autorização era antes social. Por isso, a mudança da lei não foi (e continua não sendo) suficiente para mudar a nossa realidade.

Mesmo depois de livres, os negros continuaram marginalizados. Afinal, a crença permanecia a mesma e entre dar trabalho a um branco ou a  um negro, a primeira opção era sempre a escolhida. Além disso, eles também eram privados de acessar lugares, bens e serviços.

Diante de tão poucas possibilidades, o único destino possível era uma vida miserável e de pouquíssimas oportunidades.

Essa realidade perdurou por muitos anos. E quem dera pudéssemos dizer que o racismo é uma ideologia que reside no passado. Mas os dados nos mostram justamente o contrário. De acordo com o IBGE:

  • Apenas 29,9% dos cargos de gerência são ocupados por pretos e pardos
  • 32,9% da população preta e parda vive abaixo da linha da pobreza, mais do que o dobro de brancos
  • 9,1% dos pretos e pardos é analfabeta, contra 3,9% de brancos
  • Apenas 24,4% dos deputados federais eleitos são pretos e pardos 

Hoje, precisamos falar e nos conscientizar sobre essa realidade para que ela possa ser mudada.

Datas comemorativas, como o Dia Nacional do Combate à Discriminação Racial (03/07) ou Dia da Consciência Negra (20/11), são momentos que devem ser usados para a reflexão acerca desse tema.

Mobilidade social

Um importante conceito da sociologia é o de mobilidade social. Vamos ver a definição de Pérsio Santos de Oliveira para ele:

É o movimento, no espaço social, executado por indivíduos ou grupos que se deslocam na escala de uma sociedade estratificada em camadas sociais, passando de uma camada para outra. 

Com pouco acesso às necessidades básicas - como alimentação, saúde, saneamento básico e educação -, as camadas mais pobres têm pouca mobilidade social. 

E como sabemos que são os pretos e pardos a maioria entre esses grupos, a nossa desigualdade não é apenas econômica e social, mas, principalmente, racial!

Como podemos mudar essa realidade?

Um problema social deve ser resolvido com políticas públicas. Então, é sempre importante lembrar que devemos cobrar ações efetivas de nossos governantes. 

- Renda básica: ela garante que todos tenham acesso às necessidades básicas, como alimentação, higiene e vestuário. Sem o mínimo, é praticamente impossível ter forças para ir em busca de melhores condições de vida

- Acesso à educação: pretos e pardos precisam ocupar, cada vez mais, os espaços de aprendizagem, sejam de nível básico, sejam de nível superior. Afinal, a educação é um dos principais caminhos para a empregabilidade e, consequentemente, para a ascensão social.

- Cotas: ao contrário do que muitos pensam, as cotas não ignoram a qualificação dos estudantes e profissionais. Elas são uma forma de igualar o percentual de brancos e de pretos e pardos. Afinal, a ausência dessas pessoas dos espaços de trabalho, quase sempre se dá em razão do racismo estrutural. Por isso, essa é uma medida que pode ser bastante efetiva quando bem aplicada.

Na Refuturiza, nós ajudamos cada pessoa a reescrever a sua história e se tornar líder da sua própria vida. Vem com a gente Refuturizar!

 

Tópicos: ENEM, Redação, Tema de Redação, Desigualdade Racial


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