Os impactos da pandemia na educação
Como é estudar em um período de pandemia? Hoje, vamos entender os impactos e mudanças provocados por esse cenário que (ainda) se faz presente.
Se dissessem a você, dois anos atrás, que álcool em gel seria artigo de primeira necessidade, que o mundo inteiro ia ficar feliz de tomar vacina e que usar máscara seria uma coisa normal, talvez você não acreditasse… O fato é que nossas vidas mudaram muito nos últimos dois anos e uma das áreas mais impactadas pelos novos hábitos foi a educação.
E como ficam as crianças?
Antes mesmo de pensarmos na educação formal, é interessante refletir sobre os impactos da pandemia nos primeiros anos de formação do indivíduo.
Como se sabe, nós, humanos, somos seres sociais. Isso significa que precisamos viver em grupos. É assim que nos desenvolvemos.
Uma criança, por exemplo, aprende a falar a partir da observação dos adultos à sua volta. Mas com a constante presença da máscara, isso se tornou inviável.
E esse é apenas um dos exemplos. Afinal, se é no encontro que a criança se desenvolve, como isso acontecerá em uma situação de isolamento?
Taxa de evasão
De acordo com o instituto DataFolha, houve um aumento nos índices da evasão escolar a partir de 2020. Cerca de 4 milhões de alunos entre 6 e 34 anos - o que equivale à população do Estado da Paraíba - abandonaram os estudos nesse período.
E a principal causa identificada para esses números foi a questão socioeconômica, já que, infelizmente, nem todas as pessoas têm acesso à internet - ferramenta indispensável para as aulas durante o período do isolamento.
Independência
Mas não foram apenas aspectos negativos - muito pelo contrário. Ainda que o motivo tenha sido ruim (a pandemia em si), o novo modelo de ensino que se configurou durante o isolamento trouxe também resultados positivos para professores e alunos.
Um deles foi o desenvolvimento de uma maior independência por parte dos estudantes.
Em casa, sem que ninguém esteja “vigiando” o que está ou não sendo feito, os alunos precisaram aprender a se autorregular e passaram a ser protagonistas do processo de ensino-aprendizagem. Também desenvolveram a habilidade de pesquisar por conta própria os assuntos pertinentes às disciplinas.
Essa autonomia é fundamental para o crescimento intelectual, para o aumento da autoconfiança e para o desenvolvimento do pensamento crítico.
Tecnologia
Durante muito tempo, a escola, de uma maneira geral, manteve um posicionamento crítico e negativo em relação ao uso da tecnologia em sala de aula.
Uma prova disso foi a aprovação, em 2008, de uma lei que proibia o uso de celulares e aparelhos eletrônicos em sala de aula. O motivo era justo - não desviar o foco do aluno daquilo que era realmente importante, ou seja, o conteúdo -, mas o “tiro saiu pela culatra”, uma vez que a tecnologia é uma facilitadora do acesso à informação. Além disso, esses dispositivos, cada vez mais, marcam presença em todos os momentos da nossa rotina: por que, então, seria diferente com a educação?
A pandemia furou esse bloqueio uma vez que, foi graças ao uso desses aparelhos que o ensino foi mantido ainda que em um cenário pandêmico.
Essa mudança, certamente, não será temporária, já que vimos que a presença da tecnologia traz muito mais benefícios do que prejuízos.
Reflexão
Afinal, qual é o papel da educação? Será o de apenas transmitir conteúdos? Ou a sala de aula também pode ser um espaço para desenvolvermos outras habilidades, em especial, as interpessoais.
Hoje em dia, se estivermos apenas em busca de informação, basta acessar um site de buscas que, em fração de segundo, milhares de respostas aparecerão.
Ainda assim, a relação entre professores e alunos, bem como a de aluno e aluno, não está com os seus dias contados. Isso porque a nossa humanidade - ou seja, a nossa capacidade de sentir e de nos relacionar - é justamente o que nos torna diferentes das máquinas.
Cabe então à educação refletir sobre o seu papel e se aprofundar no aprendizado que está para além do meramente informativo.